– A MINHA HISTÓRIA –

O ponto de partida.  

Uma miúda que sempre soube o que queria e o caminho a percorrer para lá chegar. Até que, um dia, fui obrigada a parar para escutar o corpo e as suas queixas.   

Anos de velocidade máxima associados ao foco exclusivamente externo – seja na perspetiva pessoal ou profissional. Até ao dia em que me assustei e percebi que estava muita coisa desalinhada sem razão aparente.   

O que está a acontecer para agora ter uma doença autoimune (espera lá o que é isto?), cansaço extremo e níveis de vitamina D no zero.  Sempre comi bem. Fast food nem pensar e poucos hidratos de carbono ou gorduras, consequência da eterna luta contra o peso. 

Elevado foco na proteína animal. Assim, alimento os músculos e está tudo certo, o cérebro também é um músculo, por isso, devia estar tudo a funcionar na perfeição. Só que não. E trabalhar 14 horas por dia, ou mais, é normal. Até adoro o que faço, faz-me sentido e vou continuar até chegar ao sítio onde tenho de chegar. E cheguei.  

Vanessa Andrade

A mudança. 

O corpo rebentou e soaram todos os alarmes vermelhos. Obstipação crónica, amenorreia, tiroidite de hashimoto, acne, disfunção tiroideia, síndrome de ovários poliquísticos… Mas, espera, tenho isto tudo aos 30 anos? Resumidamente, já tinha uma farmácia em casa com “o compridinho para o resto da vida” e várias medicações SOS e proibições. Uma gargalhada e tudo se resolverá, tenho mais em que pensar, obviamente.  

Até que chegou o dia em que a ficha caiu. Só temos um corpo que nos acompanha nesta viagem única. Tenho o direito de me estar a auto-boicotar só porque acho que não tenho fim e que aguento tudo?   

Passaram meses até decidir procurar soluções alternativas. Acupuntura já era uma base regular no meu dia-a-dia para alinhar as energias. Da acupuntura, à naturopatia e à medicina tradicional chinesa foi um salto fácil. Faz tudo sentido e – desde que aos 3 anos a minha mãe optou por me levar a um naturopata para controlar a asma crónica que me internava durante semanas no hospital – que as medicinas “alternativas” estavam no meu quotidiano.  

 Bom, é hora de tentar perceber o que se passa. As comemorações dos 30 anos foram o momento de viragem, rodeada de quem adoro e faz de mim uma miúda feliz.    

Era o momento de começar a verdadeira viagem. Para iniciar, vamos retirar o máximo de processados possível (na verdade, não consumo qualquer processado), a par do glúten, dos lacticínios e do açúcar (até achava que não comia açúcar!) para tentar controlar os níveis de inflamação. E, principalmente, ver se a tiroide abranda o ritmo a que se está a auto destruir. Isto, sem nunca abrandar o ritmo de trabalho.  

Os primeiros sinais começam a surgir apenas dois meses depois: a amenorreia foi de férias, acne desvanece-se e a má circulação começa a desaparecer. O corpo começa a reduzir de volume, a pele começa a ganhar um brilho diferente e as unhas uma força nova – agora tenho unhas sem lascarE o intestino começa a ser regular, coisa que acreditava não ser possível porque sempre fui “preguiçosa de intestinos”. Imensas descobertas.  

Desafio extra: cozinhar e descobrir novas combinações. A cozinha sempre foi uma paixão latente. Era na arte de bem receber com menus diferentes e saborosos que me apetecia focar quanto mais stressada estava. Sim, ali não penso em mais nada e dou largas à imaginação. Agora com um nível de exigência maior, não sou irresponsável para ficar ainda mais doente. Se vou entrar neste caminho que seja com consciência.  

Vanessa Andrade

A investigação. 

A procura por informação válida foi um desafio. Põe várias cores no prato, troca uns ingredientes porque sim e está tudo bem. Claro que não, isso não é suficiente. Porque é que dizem que o bife dos vegetarianos é o seitan se é glúten puro? Como é que tenho todos os nutrientes necessários para o meu corpo funcionar bem?  

 A teoria paleo, a lowcarb, a raw, a vegana alcalina, ovolactovegetariana... tantos nomes e teorias. Todas com uma base restritiva porque agora a comida é “do bem”. As pessoas é que têm de ser do bem, a comida tem de ser boa. Comida honesta, real e de boa qualidade, adequada à nossa condição de saúde, à região onde vivemos e à estação do ano em que estamos. É nisto que acredito.  

 Porque é que devo seguir dieta igual à dos outros com lanchinhos de 3 em 3 horas sem sequer adequar às minhas análise sanguíneas? Ah, espera é o índice glicémico e a contagem de calorias, esse monstro (parecido aos hidratos de carbono). A máxima Nem Sempre, Nem Nunca passou reger todas as esferas da minha vida.  

Todas estas questões fizeram com que pesquisasse mais. De certeza que há algo que me faça sentido. E, assim, cheguei à Macrobiótica, onde não existem alimentos proibidos, mas sim adequados para uma grande vida (tradução literal de Macro-Biótica). Ensinou-me que tudo está onde deve estar. Materializado nos alimentos da época ou mesmo nas emoções e energias que promovemos ou resfriamos com os alimentos que ingerimos, a par das formas de confecção que utilizamos.  

Hoje em dia. 

Tem sido uma viagem vertiginosa. Uma aprendizagem brutal, de consciencialização pessoal e de aceitação.  

Ao nível profissional, gradualmente, o acelerador que estava sempre a 300% passou a estar “apenas” a 100% (muito há a contar sobre isto também!). O mundo continua igual, os meus olhos é que mudaram e a perspetiva como analisam a exigência e nível de perfeição associados. Hoje em dia também sei perfeitamente onde quero chegar – tal como a miúda lá atrás – mas o destino é algo diferente do que sempre imaginei. Passo a passo, o objetivo será alcançado. E é tão bom perceber que podemos mudar, mas o coeficiente da felicidade manter-se, mesmo que em âmbitos tão diferentes.  

Ao nível alimentar, Somos o que comemos, todos sabemos. E sim, não há nada que esteja em maior contacto connosco do que a comida. Há que respeitar o que o nosso corpo pede – se pedir proteína animal ou um sabor doce, vou escolher a de melhor qualidade possível.  

Hoje em dia sou uma miúda ainda mais feliz. Consciente das escolhas e do efeito que a comida tem nas nossas formas físicas, mas acima de tudo na forma da alma e das emoções que a compõem.  

É a partilha deste caminho e descobertas que podem acompanhar no Green Smiles. Um espaço que partilhará gargalhadas, receitas, conhecimento e emoções. Comida natural, honesta e que respeita o nosso estado emocional, conscientemente. 

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